20 de jun. de 2015

fim


fim da vida


fim da tinta

15 de jun. de 2015

gravura e bordado

















A oficina "Gravura e Bordado" aconteceu.
Dias de fortalecer os vínculos que as linhas magicamente tratam de alinhavar...e anunciar novos.
Obrigada Silvana Maciel​ por ter criado um espaço tão acolhedor...sua casa é um útero.
Em julho anuncio aqui nova turma!!

12 de jun. de 2015

Duplo gênero


A dialética do masculino e do feminino se desenvolve num ritmo da profundeza. Vai do menos profundo, sempre do menos profundo (o masculino), ao sempre profundo, sempre mais profundo (o feminino).

E é no devaneio, "na inexaurível reserva da vida latente", como diz Henri Bosco, que vamos encontrar o feminino desdobrado em toda a sua amplitude, repousando na sua simples tranquilidade.

Depois, como é necessário renascer para o dia, o relógio do ser íntimo soa no masculino - no masculino para todo mundo, homem e mulher. Vêm então, para todos, as horas da atividade social, atividade essencialmente masculina.

E mesmo na vida passional, homens e mulheres sabem se servir, cada um, desse duplo poder. Surge então um novo problema, um difícil problema, o de colocar ou manter em cada um dos parceiros a harmonia de seu duplo gênero.


Gaston Bachelard "A Poética do Devaneio" - pg. 57

3 de jun. de 2015

Um devaneio não se conta



" Notemos, aliás, que um devaneio, diferentemente do sonho, não se conta. Para comunicá-lo, é preciso escrevê-lo, escrevê-lo com emoção, com gosto, revivendo-o melhor ao transcrevê-lo.
Tocamos aqui no domínio do amor escrito. Essa moeda está acabando. Mas o benefício permanece. Ainda existem almas para as quais o amor é o contato de duas poesias, a fusão de dois devaneios. O romance por cartaz exprime o amor numa bela emulação das imagens e das metáforas. Para dizer um amor, é preciso escrever. Nunca se escreve demais. Quantos amantes não correm para abrir o tinteiro mal chegam de seus encontros amorosos! O amor nunca termina de exprimir-se e se exprime tanto melhor quanto mais poeticamente é sonhado. Os devaneios de duas almas solitárias preparam a doçura de amar. Um realista da paixão verá aí apenas fórmulas evanescentes. Mas não é menos verdade que as grandes paixões se preparam em grandes devaneios. Mutilamos a realidade do amor quando a separamos de toda a sua irrealidade."

Gaston Bachedard - A poética do Devaneio - p. 7)